Total de visualizações de página

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O alecrim dos Galvão

Publicação da Tribuna do Norte: 28 de Dezembro de 2006

Júnior SantosEM FAMÍLIA - Babal, João, Galvão Filho e Eri se reúnem para contar e cantar um pouco do universo musical em que foram criadosEM FAMÍLIA - Babal, João, Galvão Filho e Eri se reúnem para contar e cantar um pouco do universo musical em que foram criados

Nem toda família usa o sofá da sala como moradia do infeliz que chega de porre no meio da madrugada. Na casa de porta e janela número 1631 da rua dos Paianazes, bairro do Alecrim, por exemplo, o sofá era um lugar sagrado onde reinava sossegado um violão simples de seis cordas capaz de reunir numa mesma roda o dono do pandeiro, do cavaquinho e quem mais aparecesse para tirar uma onda de músico. Terminada a farra, o violão deveria ser devolvido ao sofá sem reclamação. Era a única exigência da casa. 

Uma conversa rápida de 15 minutos com a família Galvão na redação do jornal pode até começar com as formalidades do repertório usado no próximo show, mas acaba descambando para lembranças de causos como o narrado no início da reportagem.

E como o sofá que virou cama do violão, lá se vai o cinema São Pedro dirigido pelo tio-avô Sebastião, o Forró do Alecrim comandado pelo pai Severino Galvão e tantos outros causos.  "Todo mundo que chegava lá em casa pegava o violão para tocar, mas tinha que deixar no mesmo lugar. Foi assim que fomos tomando o gosto pela música. Mamãe, por exemplo, deu um instrumento para cada um dos irmãos e sempre foi envolvida com cultura, os dramas encenados no colégio. E papai criou o forró do Alecrim, que fez um sucesso danado na época", lembram Babal, Galvão Filho, Eri Galvão e João Galvão.

Os quatro estão mais uma vez reunidos para contar um pouco desta história através da música. Apesar de trilharem caminhos distintos dentro da música, seja no estilo e até na própria função, a família nunca deixou de fazer o que mais gosta. Tanto é que aproveitando a chegada de Eri Galvão para as festas de fim de ano - único que mora fora de Natal (no Rio de Janeiro) - o quarteto apresenta o show "Avenida 10" hoje, a partir das 21h, no Praia Shopping Musical. Cada músico apresenta cinco canções dos repertórios solos. Em seguida, fazem três músicas juntos. O nome do show, por sinal, é uma referência ao ambiente em que a família cresceu, no bairro do Alecrim.   

Engana-se quem acredita que essa confraternização em família ocorre todos os anos. O show de hoje marca apenas o quarto encontro da família Galvão num palco. O resultado, contam, vem sendo tão positivo que ao final do show o público já pede o CD do grupo. "Isso aconteceu em dezembro do ano passado quando tocamos junto com Geraldo Azevedo na Cidade da Criança. Descemos no palco e o povo foi logo perguntando do disco, onde tinha para vender. Mas esse é um projeto que ainda estamos desenvolvendo. Pode ser um CD, um DVD, mas a gente está vendo", afirma Babal. 

Dos quatro, apenas Babal e Galvão Filho têm dado continuidade à carreira. Enquanto João é professor de música e compõe uma coisa aqui outra ali, Eri Galvão desenvolve um trabalho com samba no Rio de Janeiro. Ele é um dos jurados, na categoria Samba-enredo, da liga das escolas de samba da divisão especial do carnaval carioca. Indagado se já sofreu ameaça de morte por conta de uma nota negativa, diz que não. Mas admite que já sofreu pressão por conta de um décimo. "Teve uma vez que um repórter do jornal'O Dia', me ligou dizendo que o pessoal da Viradouro estava com muita raiva de mim. Aí eu perguntei de onde ele tinha tirado aquilo porque eu moro em Niterói, saí na rua e ninguém veio falar comigo. Por causa de um décimo!?" recordou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário