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terça-feira, 29 de setembro de 2015

Theodosio de Graciman na Ribeira do Jaguaribe e no Guimarães

Por João Felipe da Trindade (hipotenusa@digi.com.br)
Professor da UFRN, sócio do IHGRN e do INRG

É Hélio Galvão no seu livro magistral sobre a nossa Fortaleza quem diz: “Teodósio de Gracisman em 1701 estava no Jaguaribe e comprava à Dona Maria de Siqueira, viúva do Capitão Abreu Soares, e a sua filha Helena Barbosa de Albuquerque e seu marido Pascoal Gomes de Lima, duas léguas de terra no sitio do Aracati, ribeira do Jaguaribe.” De outra forma escreveu Valdelice Carneiro Girão em “Estudos históricos e de evolução urbana da cidade de Aracati, na Revista do Instituto do Ceará – 2001, citando o historiador Antonio Bezerra:
 “A cidade de Aracati está encravada na data que tirou, em 23 de janeiro de 1685, o Capitão-mor Manoel Soares, e seus 14 companheiros, na parte que pertenceu ao mesmo Capitão-mor, demarcada pelo Desembargador Cristovão Soares Reymão em Outubro de 1707 que foi vendido por sua viúva D. Maria de Siqueira e seu filho Pachoal de Lima em 6 de dezembro de 1701 ao Conmissionario Geral Teodosio de Grasciman. Há uma inversão quanto ao nome do filho de Manoel de Abreu Soares e Maria de Siqueira.
Para não gerar dúvidas para os pesquisadores, sobre quem era na verdade o filho de Manoel de Abreu Soares cito ainda o trabalho de Ivoncísio Meira de Medeiros, intitulado: “Documentos do Rio Grande do Norte”, onde está escrito: “Requerimento do Alferes Paschoal Gomes de Lima, filho do Capitão-Mor Manoel de Abreu Soares, em que pede a S. Mag. o cargo de Escrivão da Paraíba ou de Escrivão da Fazenda da Capitânia do Rio Grande.” Assim, fica clara a presença de Theodosio de Gracisman no Jaguaribe e de quem era filho Paschoal Gomes de Lima, personagem da História do município  São Gonçalo do Amarante (antigo São Gonçalo do Potegi).
Um dos registros mais ricos que encontrei sobre a família Graciman (escolhi essa grafia) é o casamento de Mathias Ferreira da Costa e Paula Barbosa de Graciman, lá na Utinga, pois além de reforçar a participação dessa família na região de Jaguaribe, traz maiores  informações sobre outros familiares citados por Helio Galvão no seu livro sobre a nossa  Fortaleza. Vejamos o registro.
“Aos quatro de novembro de mil setecentos e trinta e nove annos na Capella de Nossa Senhora do Socorro de Utinga desta Freguezia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do Norte feytas as denunciacoens nas partes necessárias da Freguezia e apresentando o Contrahente banhos corridos na sua Freguezia, natural e juntamente Sentença de dispensa de parentesco em que com a Contrahente estava ligada e pela que mandou o excelentíssimo Senhor Bispo casar tendo satisfeito as penitencias sem se descobrir impedimento sendo prezentes por testemunhas o Capitão Bonifacio da Rocha Vieira, o Capitão Francisco Xavier de Souza, Isabel Rodrigues Dona viúva, e Lourença de Arahujo mulher  de Luis Soares Correa pessoas todas conhecidas moradores desta dita Freguezia de licença minha por comissão especial do Reverendo Vigário em cuja auzencia fazia as vezes de Parocho o Padre Antonio de Arahujo e Souza, assitio ao matrimonio que entre si contrahirão Mathias Ferreira da Costa filho legitimo  do Coronel Antonio Nunes Ferreira, e de sua mulher Catherina Barbosa já defunta natural da Ribeira do Jaguaribe freguezia de Nossa Senhora do Rosário de Russas e Paula Barboza Grasciman filha legitima do Alferes Pedro Siqueira da Costa já defunto e de sua mulher Custódia Barboza Gracyman natural desta dita Freguezia, e nela moradora e logo lhes deo as benções guardandose em tudo a forma do Sagrado Concilio Tridentino e pelo asento que veio do dito Reverendo fiz este asento e por verdade asignei. Manoel Correa Gomes, João Gomes Freire Coadjutor, Bonifacio da Rocha Vieira, Francisco Xavier de Souza.”
No livro de batismos de “pretos e pardos escravos” existente no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte vamos encontrar mais outras informações e entre elas a citação da localidade de moradia da família Graciman, de nome Magalhães, que segundo Hélio Galvão ficava na localidade conhecida hoje por Igreja Nova. Observemos o hábito que tinham os senhores de colocar nos seus escravos os sobrenomes da família deles. Vejamos o registro de batismo:
“Aos quatro de Julho de mil setecentos e trinta e sinquo annos na Capella do Senhor Sam Gonçalo do Potegy desta Freguezia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do Norte feytas as denunciaçoens nesta Matris e nas mais partes necessárias desta Freguezia, e na Matris de Nossa Senhora do Rosário de Jaguaribe onde o Contrahente foy morador sem se descobrir  impedimento sendo prezentes por testemunhas o Capitão Joseph Figueira, o Capitão João Soares, Custódia Barbosa viúva que ficou de Pedro Siqueira e Dona Adrianna Siqueira viúva que ficou de Antonio Simoens Moura pessoas todas conhecidas, moradores  desta dita Freguezia e de licença minha  o Padre Domingos Rodrigues  assistio ao matrimonio, que entre si contrahirão Sebastião Lustâo preto forro do Gentio da Guinê morador, que foi em Jaguaribe da Ribeira de Aracati e Isabel de Gracyman escrava do Capitão Gregório Gracyman Galvão moradores no Magalhães desta dita Freguezia  guardandose  em tudo o Sagrado Concilio Tridentino . e pelo asento que veio do dito Reverendo Padre mandei fazer este em que por verdade asignei. Manoel Correa Gomes Vigário.”.

Copiado de https://utinga.wordpress.com/2009/10/14/theodosio-de-graciman-na-ribeira-do-jaguaribe-e-no-guimaraes/

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