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sábado, 26 de outubro de 2013
terça-feira, 8 de outubro de 2013
ARTHUR, O HERÓI DA BRETANHA
Publicado por Rostand Medeiros em http://tokdehistoria.wordpress.com/2013/06/22/arthur-o-heroi-da-bretanha/
No mundo real, o dono da lendária
Excalibur não foi rei nem se reunia com seus cavaleiros em torno da
távola redonda, mas organizou uma resistência sem precedentes contra os
bárbaros que ameaçavam sua terra
Para a maioria dos europeus, o fim do mundo talvez nunca tenha estado
tão próximo quanto lá pelo fim do século 5. A única ordem que a região
havia conhecido por quase 500 anos – o poder de Roma – tinha virado pó
depois de uma longa agonia e o futuro parecia pertencer aos bandos de
bárbaros do norte e do leste, fundando reinos que brotavam e sumiam como
cogumelos nas terras do antigo império. Mas havia um lugar em que a
vida não estava sendo nada fácil para os invasores. Na ilha da Bretanha,
os ex-súditos de Roma montaram a resistência mais bem-sucedida da
Europa e detiveram a maré bárbara por décadas. Cada vez mais parece
provável que um líder militar poderoso conduziu os bretões, um guerreiro
que iria virar lenda: Arthur.
A figura que está emergindo das brumas do ano 500 muito provavelmente
não era um soberano e com certeza jamais botou os pés num castelo.
Mesmo assim, existem paralelos intrigantes entre o Arthur lendário e o
do mundo real, que podem incluir detalhes como o local de nascimento, a
morte nas mãos de um conterrâneo bretão e, segundo uma das teorias mais
polêmicas, até batalhas travadas do outro lado do canal da Mancha, em
pleno território da atual França.
Esse problema era endêmico no império todo na época, mas, no caso da
Bretanha, o incômodo era triplo. Do norte da Alemanha e do sul da
Dinamarca vinham tribos germânicas, os anglos, saxões e jutos, falantes
de dialetos ancestrais do inglês de hoje. Do nordeste da Escócia
atacavam os escotos e os pictos, guerreiros violentos que lutavam de um
jeito selvagem, quase nus, com o corpo coberto por tatuagens. Para
completar a desgraça, havia os escotos da Irlanda, que também eram um
povo celta como seus primos bretões e gauleses, mas tinham ficado de
fora do domínio romano.
Muita gente costuma imaginar que, em dado momento, Roma acabou
desistindo de manter a ilha dentro de seus domínios, já que tinha de se
preocupar com a própria sobrevivência, e abandonou a Bretanha. Mas o que
aconteceu foi exatamente o contrário: os bretões ficaram de saco cheio
de serem deixados na mão por mais um general que queria virar imperador
(um tal de Constantino III) e declararam independência. “A idéia de que a
ilha ficou indefesa porque os romanos retiraram suas legiões não passa
de um mito. As legiões foram embora porque Constantino as levou com ele
para tentar conquistar o continente, sem sucesso, e a mudança seguinte
no status da Bretanha foi ativa, e não passiva”, afirma o historiador
britânico Geoffrey Ashe, autor de Kings and Queens of Early Britain
(“Reis e Rainhas da Antiga Bretanha”, inédito no Brasil). O imperador
legítimo, Honório, reconheceu a independência da região em 410, numa
carta em que delegou às cidades bretãs a responsabilidade de se
defenderem militarmente.
Uma lança de duas pontas
Sujeitos ambiciosos e com alguma tradição de liderança aproveitaram o
momento para ganhar poder. “Os aristocratas nativos tinham se
romanizado, mas, quando a ligação com Roma foi cortada, as antigas
tradições de nobreza retornam com força. Os bretões eram muito
conservadores nesse sentido”, diz o historiador Christopher Snyder, da
Universidade Marymount, nos Estados Unidos. Um desses homens, chamado
Vortigern, parece ter conseguido se tornar superbus tyrannus
(“governante supremo”, em latim) de boa parte da Bretanha por volta do
ano 430.
Mas algo deu muito errado. Talvez os mercenários saxões não tenham
sido pagos, ou talvez apenas tenham percebido que seria fácil tomar mais
do que os bretões lhes haviam prometido. O fato é que o tiro saiu pela
culatra, e os saxões se apossaram de terras por todo o leste da atual
Inglaterra. Mais e mais levas deles vinham se juntar aos que já estavam
na Bretanha, e os ataques de pictos e escotos voltaram com força total.
Os bretões chegaram a pedir a ajuda de Roma, numa carta desesperada ao
general Aetius: “A Aetius, três vezes cônsul, os lamentos dos bretões.
Os bárbaros nos empurram para o mar; o mar nos empurra de volta para os
bárbaros. Entre esses dois tipos de morte, somos ou afogados ou
assassinados”, dizia a mensagem, datada de 446. Às voltas com os hunos
de Átila batendo nos portões de Roma, Aetius não tinha como ajudar.
Segundo o monge, os bretões finalmente conseguiram iniciar uma
resistência, sob o comando de um certo Ambrosius Aurelianus. “Gildas o
descreve como um vir modestus, ou seja, um homem decente, e afirma que
seus pais usavam a púrpura, o que é uma indicação de que eles eram de
uma família romana de origem nobre”, diz Christopher Snyder. A partir
daí, a briga ficou indefinida, com vitórias de um lado e de outro, até
que os bretões conseguiram um grande triunfo, num lugar chamado monte
Badon (Gildas não deixou claro se foi Ambrosius quem conduziu os bretões
nessa vitória). Dali por diante, os bretões teriam conseguido uma
trégua de quase meio século. Textos compilados séculos mais tarde,
provavelmente com base em antigos anais do século 5, não deixam dúvidas
sobre quem teria sido o vencedor de Badon: seu nome era Arthur.
Curiosamente, outras pistas quase contemporâneas sobre o líder bretão
são exatamente isso: nomes. Praticamente não há menção a pessoas
chamadas “Arthur” na Bretanha antes de Badon, mas o nome, de repente, se
torna um dos favoritos da nobreza nos dois séculos seguintes. “Há uma
série de breves referências a reis e príncipes galeses e irlandeses
chamados Arthur a partir do fim do século 6”, conta Kenneth Dark,
historiador da Universidade de Reading, na Inglaterra. “Nenhum desses
homens deve ser o Arthur histórico, mas o que eles mostram é que o nome
se tornou popular entre as famílias reais, e que pode ter havido um
Arthur famoso que inspirou o batismo deles”, afirma Dark. O poema épico
“Y Gododdin”, provavelmente do século 6, cita Arthur como modelo de
bravura em combate. Dali por diante, o guerreiro começa a ser chamado de
rei e vira presença constante nas lendas galesas, até ser transformado
na figura cavalheiresca e mágica que conhecemos (com Merlin, Guinevere e
tudo o mais) pelo clérigo Geoffrey de Monmouth, num livro de 1136.
Lendas, mitos e tradição
A 100 quilômetros de Tintagel, escavações que se sucedem desde os
anos 60 têm mostrado que a região de Cadbury, identificada com a
lendária Camelot há séculos, realmente abrigou a maior praça forte da
Bretanha nos séculos 5 e 6. Um colosso com muralhas de madeira e pedra
que iam subindo, em círculos, as encostas de uma colina até terminar num
portão, cercado por torres.
Tudo indica, então, que as áreas por onde Arthur andava ainda eram
prósperas e bem guarnecidas militarmente. Mas será que ele as governava?
Arthur deve ter sido um nobre bretão, mas as referências mais antigas
às batalhas vencidas por ele, no manuscrito do século 6 conhecido como
Historia Brittonum (“História dos Bretões”), de autoria desconhecida, o
chamam de dux bellorum, “líder de batalhas”, e dizem que ele lutava ao
lado dos reis bretões. Esse texto também mostra que a imagem de Arthur
como um herói cristão é muito antiga: numa de suas vitórias, ele teria
carregado uma imagem de Nossa Senhora. Em Badon, teria empunhado “a cruz
de Nosso Senhor Jesus” (provavelmente uma referência a um amuleto muito
comum na época: um pedaço de madeira supostamente retirado da cruz em
que Cristo morreu). Ser um líder guerreiro, na época, significava
trabalhar muito. Lutava-se um tipo de guerra altamente móvel e sobre
qualquer terreno. “A maioria de suas tropas provavelmente era montada e
lutava com espadas, lanças e dardos, aproximando-se do inimigo numa
série de investidas, e não numa carga de cavalaria coordenada”, diz
Leslie Alcock, arqueólogo da Universidade de Glasgow, na Escócia, e
autor de Arthur’s Britain (“A Bretanha de Arthur”, sem versão em
português).
O fim de Arthur registrado por antigos textos galeses oferece mais
uma conexão intrigante entre história e lenda. No mito, o rei teria sido
traído por seu sobrinho, Mordred, conseguiu matá-lo em combate, mas
recebeu um ferimento letal. Os anais registram “a contenda de Camlann,
em que Arthur e Medraut [Mordred?] pereceram”. Nos dois séculos
seguintes, os bretões seriam cada vez mais empurrados para o oeste,
embora sempre lutassem para preservar sua identidade, ainda viva no País
de Gales de hoje.
No fundo, os detalhes passíveis de recuperação são poucos para uma
vida que inspirou tantas lendas. “Não acho que algum dia teremos mais
informações seguras sobre o Arthur histórico além das que já conhecemos
e, para falar a verdade, isso não me parece um problema”, diz
Christopher Snyder. “Há uma mágica em torno do personagem que é parte de
seu fascínio.” Considerando os ideais de cavalheirismo e resistência
que essa mágica inspirou, não dá para dizer que Arthur não concordaria.
Cronologia da Grande Bretanha – Dos antigos celtas a Elizabeth I, dos romanos ao maior império sobre a Terra
2000 a.C.
Em várias etapas, povos pré-célticos de agricultores constroem o
santuário e observatório astronômico de Stonehenge, um dos maiores
monumentos da Europa pré-histórica
1000 a.C.
Começam a chegar às Ilhas Britânicas as tribos célticas, em duas
levas distintas (uma se estabelece na Grã-Bretanha e a outra na
Irlanda). Os celtas trazem conhecimentos avançados de metalurgia e
guerreiam em carros puxados por cavalos
55 a.C.
Depois de lutar na Gália, o general romano Júlio César desembarca na
Bretanha e consegue a submissão de alguns chefes, mas não chega a
estabelecer um domínio romano efetivo na ilha
43
60
Boadicéia, rainha dos icenos, inicia uma revolta contra os romanos,
depois de ser chicoteada e ver suas filhas serem estupradas. A rebelião é
sufocada
122
Começa a construção da Muralha de Adriano (sob orientação do
imperador romano de mesmo nome). Com 120 quilômetros de extensão, ela
ajuda a proteger a Bretanha dos ataques de caledônios e pictos, da
Escócia
383
410
O imperador romano Honório reconhece o direito dos bretões à
autodefesa e aconselha as cidades da ilha a se armarem contra os
bárbaros. A soberania romana na região está encerrada
597
Uma missão enviada pelo papa Gregório Magno inicia a conversão do
reino anglo-saxão de Kent ao cristianismo. Um a um, os reinos germânicos
que iriam formar a Inglaterra se tornam católicos
871
Sobe ao trono o rei saxão Alfred, que começa a contra-atacar os
invasores vikings e dá os primeiros passos para unificar o que se
tornaria a Inglaterra
1066
Guilherme, o Conquistador, duque da Normandia (norte da França),
invade a Inglaterra e mata o último rei saxão, Harold. Seus sucessores
atacarão Gales
1215
1283
Último reduto da antiga resistência bretã, o País de Gales é
conquistado pelo rei inglês Eduardo I e se torna um feudo dos herdeiros
da coroa, chamados então de príncipes de Gales
1532
O rei Henrique VIII rompe com o papa e nomeia a si mesmo chefe da
Igreja , tornando a Inglaterra um país protestante, embora
teologicamente muito próximo do catolicismo
1559
Elizabeth I, filha de Henrique VIII, sobe ao trono. Em seu reinado,
os ingleses vencem a invasão da frota espanhola conhecida como
Invencível Armada
Mito e história lado a lado – Os elementos da lenda que até podem ter uma base factual e os que são pura invenção
Pode até ser
Excalibur e o lago
Prestes a morrer, Arthur manda que joguem sua espada num lago. Esse era um costume comum entre os antigos soberanos celtas
Avalon
O melhor candidato para ser a ilha de Avalon é Glastonbury, que hoje
fica em terra firme. Mas estudos mostram que no século 5, com as cheias,
o local ficava ilhado
Espada na pedra
O mito de que o jovem Arthur retirou sua espada de uma pedra remonta à
Idade do Bronze, quando elas eram forjadas em moldes de pedra
Tristão
Não é de jeito nenhum
Castelo de Camelot
Os bretões do ano 500 usavam técnicas toscas de construção e até
palácios e igrejas eram feitos de madeira. Camelot certamente não era um
castelo
Lancelot e Guinevere
O amor entre a esposa do rei e seu melhor amigo é uma invenção
medieval, criada pelo poeta francês Chrétien de Troyes, no século 12
Cavalaria
O Arthur histórico provavelmente lutou a cavalo, mas o conceito
medieval das ordens de cavalaria só iria aparecer séculos mais tarde
Merlin
Os romanos perseguiram ferozmente os druidas (sacerdotes celtas), e
nenhum deve ter sobrado nos séculos 5 e 6, ainda mais com tanto poder
sobre um rei
Os outros “Arthurs” – Teorias sobre a verdadeira face de Arthur
nunca faltaram. Conheça algumas das principais interpretações sobre o
personagem
Guerreiro bretão
Para os defensores dessa tese, Arthur teria sido um bretão com poucas
influências de Roma, e talvez nem pudesse ser considerado cristão. Seu
principal campo de atuação teriam sido os reinos celtas do norte da
Bretanha, no território da atual Escócia, e seus inimigos foram os
invasores anglos do reino de Nortúmbria. Tudo indica, no entanto, que a
cultura romana e principalmente o cristianismo já estavam bastante
espalhados pela elite bretã da época, o que torna essa versão improvável
Último romano
Argumentando que Gildas não cita o nome de Arthur e que as
referências ao personagem são todas muito tardias, alguns estudiosos
preferem considerar Ambrosius Aurelianus como o melhor candidato a
“Arthur histórico”. Nesse caso, o grande líder da resistência bretã
seria descendente direto de uma família nobre romana e teria tentado
manter as conexões da ilha com o antigo Império, ao mesmo tempo em que
teria combatido o surgimento de heresias cristãs na Bretanha
Cavaleiro bárbaro
Essa tese é baseada na presença de um oficial da cavalaria romana,
Lucius Artorius Castus, na Bretanha do século 2. Ele liderou um grupo de
cavaleiros sármatas (bárbaros da Europa oriental) numa série de
batalhas que parecem bater com as do Arthur lendário. Essa, aliás, é a
versão escolhida pelo filme Rei Arthur – só que no filme a história se
passa no século 5 mesmo, e Arthur é meio romano e meio bretão. Enfim,
Hollywood adora um samba do bretão doido.
Livros
Arthur·s Britain, de Leslie Alcock, Penguin, 1990 – O autor traduz as partes relevantes dos textos antigos sobre o herói, como os livros de Gildas e Nennius, e proporciona um panorama completo de como era a Bretanha do século 5 ao 7. Há mapas, fotos e desenhos.
Kings and Queens of Early Britain, de Geoffrey Ashe, Methuen Publishing, 2000 – Detém-se sobre os personagens desse período nebuloso da história bretã e mostra como os erros romanos conduziram à independência.
The Age of Tyrants, de Christopher Snyder, Sutton Publishing, 1998 – Um completo e claro relato sobre a vida dos bretões no final da presença romana na ilha.
Site
http://www.mun.ca/mst/heroicage/ – Quem estiver interessado em acompanhar os estudos mais recentes sobre o mundo arturiano e temas correlatos pode acompanhar a revista científica eletrônica The Heroic Age, no endereço acima.
Autor – Reinaldo José Lopes
Fonte – http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/arthur-heroi-bretanha-433765.shtml?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_avhistoria&
sábado, 7 de setembro de 2013
João Alves Galvão completaria 99 anos neste mês de setembro!
O alemão Bertolt Brecht dizia que
existem homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são
melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons, mas há os que lutam
toda a vida e estes são imprescindíveis. Sem exageros, assim foi João Alves
Galvão. Homens dessa magnitude não são esquecidos; a comunidade o lembrará
sempre. A própria palavra de Deus pede, através Livro Sagrado: ‘mostra quem são
eles e de onde vieram’.
João Alves Galvão
nasceu à margem esquerda do rio Curimataú, no Sítio Porteiras, no município
potiguar de Pedro Velho, no dia 6 de Setembro de 1914. Seu pai, Francisco Alves
Galvão, era homem de reputação exemplar, conhecido como homem inteligente e de ciência pelos seus pares. Sua mãe,
Alcina Lopes Galvão, era uma mulher linda, de características indígenas como as
brasileiras em geral.
Desde pequeno, João
Alves, despontou como um garoto prodígio. A própria professora o entregou ao
pai dizendo que não tinha mais nada para ensiná-lo. Ele já havia feito todas as
lições do livro antes que a professora mandasse. Na juventude, ajudava ao pai
nos trabalhos de agricultor e como comerciante nas feiras livre de
Canguaretama, Goianinha e Nova Cruz.
Em 1949 tomou a
resolução de morar em Canguaretama, a cidade mais promissora da região. Deixou
a casa do pai e desembarcou na Estação da
Penha, às 7 horas da manhã, do dia 25 de maio, uma quarta-feira. Na bagagem
estavam as mercadorias para iniciar sua vida de comerciante na cidade. Para
começar o negócio teve a ajuda destacada de Paulírio Martins de Castro que lhe
ensinou algumas técnicas de comércio e Abdias Martins de Castro, parentes amigos
que sempre o incentivaram.
Sua primeira
hospedagem foi na casa de Dondom, Laura
de Oliveira Galvão, prima de seu pai, no Sertãozinho. Estabeleceu-se no centro da cidade, numa loja dentro do mercado. Sua
primeira venda foi a um garoto que lhe comprou cinco confeitos por um tostão
(cem réis). Negociava junto com o irmão, Raimundo, e por isso logo ficou
conhecido como Dois Irmãos. Esse
apelido foi dado pela Negra Salvina,
que regularmente tomava uns goles de cachaça no seu comércio.
Logo se destacou e
comprou, a Severino Martins de Castro, a loja que tinha sido de João Ciro
Fagundes, por quatro mil réis. A partir disso não parou mais, até tornar-se o
maior comerciante de Canguaretama nos anos de 1970. Na época foi o primeiro
comerciante da cidade a retirar o “balcão” e montar algo parecido com os
supermercados de hoje. Fazia todos os cálculos de cabeça, mas gostava de ter
sempre um lápis à mão.
Homem que se
destacava pela beleza, estava sempre vestido com uma camisa branca e calçado
com um sapato preto, sua indumentária diária. Já alicerçado no município,
conheceu e casou com a paraibana Lúcia Alves de Araújo em 18 de junho 1955 e
com ela ergueu uma família de 11 filhos, todos nascidos e criados em Canguaretama.
Na política esteve
ligado a José de Carvalho e Silva, João Gomes de torres e Marcílio Martins de
Castro. Foi do PSD, depois ARENA e PDS: um dinartista
sem paixão. Nas campanhas políticas nunca aceitou ser candidato a cargo
eletivo, muito embora quisesse exercer o controle de decisões delicadas. Para isso tinha apoio dos amigos e parentes.
Homem de muitas amizades, foi o fiador secreto dos amigos, salvando o
investimentos de muita gente. Alguns de seus amigos eram adversários políticos,
mas sempre amigos pessoais. Todos os grandes políticos do Rio Grande do Norte
passaram por sua residência e apertaram sua mão.
Em 1959 comprou a
Fazenda São Francisco, em
Pedro Velho, em frente ao sítio onde nasceu, passando a ser
criador de gado nelore e plantador de coco e cana-de-açúcar, além de explorar a
extração de pedras para calçamento, mas nunca quis sair de Canguaretama. Por
esse motivo, em 2000, a egrégia Câmara Municipal de Canguaretama lhe homenageou
com o título de cidadão canguaretamense, o qual aceitou com muito orgulho.
Conversar com os
humildes e doentes era sua profissão na velhice. Ajudava e visitava os mais pobres
sem pretensões políticas ou cobranças eleitoreiras. Conhecia os recantos dos
lares e sentimentos do povo.
Para a família foi
mais que um líder, foi um guia que ensinava como fazer. Atencioso, ágil,
governava como um monarca bondoso, inteligente e fiel. Era o conselheiro
preciso, um farol que não apagava, dando o sinal de esperança. Tinha solução
para tudo. Seu prognóstico era infalível.
Tinha uma vida
saudável: não bebia, não fumava, seu esporte era o trabalho e a alimentação
regrada. Seu café da manhã era de rei, seu almoço era de príncipe, seu jantar
era de mendigo. Na velhice não precisou de ajuda, continuou autônomo até o fim.
Foi acometido de acidente vascular cerebral grave no dia 14 de outubro. Ficou
hospitalizado, mas sempre consciente, até partir para a Cidade de Deus, no dia 26 de outubro, dia da poesia.
Parecia calcular
tudo. Agüentou firme até ser visitado por todos os filhos no hospital. Enquanto
esteve hospitalizado todas as madrugadas foram visitadas por neblinas leves que
preparavam o solo que o receberia. ...
Seus pedidos eram
simples e todos já sabiam: ser sepultado na terra onde nasceu, ao lado do pai e
da mãe; no esquife mais barato que pudesse, para lembrar sua humildade; pediu
também que lhe vestissem o terno branco de seu casamento. Tudo foi cumprido à
risca. Enfatizando que o destino se encarregou de que o seu sepultamento fosse
no dia que ele mais gostava: sábado, o dia de feira. E durante todo esse tempo
que ele esteve internado, os céus choraram a sua perda por todos nós.
Mestre verdadeiro é aquele que ajuda a esculpir nas almas as mais belas
lições de sabedoria. Verdadeiro professor é aquele que toma das mãos do homem,
ainda criança, e o conduz pela estrada segura da honestidade e da honradez. O
verdadeiro mestre é aquele que segue à frente, sinalizando a estrada com os
próprios passos, com o exemplo do otimismo e da esperança.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Antônio Galvão de França, o pai de Frei Galvão
Na ocasião do seu falecimento foi sepultado na Matriz de Guaratinguetá e
seu corpo amortalhado pelo hábito franciscano e pelo hábito de Nossa
Senhora do Carmo.
1. Sua família, nascimento e a mudança para o Brasil:
Filho de Manoel de França e Águeda Maria Galvão (avós paternos de Frei
Galvão), Antônio Galvão de França nasceu no dia 29 de julho de 1706, na
Província do Algarve, região sul de Portugal. Não se sabe o motivo que o
levou a vir para o Brasil, mas sugere-se que o contato com um tio, que
era Frei Carmelita aqui no Brasil, e os fortes terremotos que devastaram
a sua região em 1719 e em 1722, tenham colaborado com a ideia de
mudar-se para o Brasil.
2. Personalidade:
Quando o 1º Postulador da Causa de Santificação de Frei Galvão, Frei
Adalberto Ortmann, coletava testemunhos, recebeu da Sra. Balduína Galvão
de Castro Mafra as seguintes palavras, que descrevem a personalidade do
pai de Frei Galvão: “Ela era um homem caridoso, ia à missa diariamente e
todas as vezes costumava distribuir esmola entre os pobres”.
No inventário feito em 1755, por ocasião da morte de sua esposa,
verificamos que ele possuía 707 devedores em diversas capitanias do
Brasil. E tal complacência com os devedores, certamente devia-se ao seu
largo e compreensivo coração.
O fato de ter sido nomeado para cargos públicos prova que ele devia ser uma pessoa de educação e cultura apreciáveis.
3. Casamento e filhos:
Ele casou-se em 08 de fevereiro de 1733 com Isabel Leite de Barros, em
Pindamonhangaba/SP, na Capela Nossa Senhora do Rosário, conhecida como
Capela dos Correias, pertencente a um tio paterno de Isabel.
Tiveram 11 filhos, sendo que três faleceram enquanto eram ainda
crianças. Estes foram os filhos e o respectivo ano do nascimento: 1º
José Galvão de França (1934); 2ª Maria Galvão de França (1735); 3ª
Isabel Leite de Barros (1736); 4º Antônio Galvão de França - "Frei
Galvão” (1739); 5ª Anna (1741); 6º Anna Joaquina de França (1744); 7º
João (1745); 8º Anna Jacinta Galvão de França (1746); 9º Manoel Galvão
de França (1747); 10ª Francisca de França (1748); 11º Francisca Xavier
de França (1753).
4. Funções públicas:
Apenas dois meses após o seu casamento, em 1733, assumiu o importante
cargo de Procurador do Senado, na Câmara de Guaratinguetá. Função
certamente, bem executada, o que lhe rendeu, em 1747, a nomeação de
Capitão-Mor da Vila Guaratinguetá, função esta de enorme importância,
pois deveria fiscalizar a entrada e saída da Vila, e possuía poderes
administrativos, judiciais e fiscais.
Enquanto era Capitão-Mor, constata-se em um documento, que no ano de
1769, recebera a determinação de examinar a todas as pessoas que
entravam e saíam da Vila, a fim de impedir a entrada dos Jesuítas, que
não eram benquistos pelos Portugueses. Ele era um homem de confiança da
Corte portuguesa.
5. Atividades comerciais:
Antônio Galvão foi um importante e poderoso comerciante e sua fortuna
provinha do comércio de bovinos e de produtos agrícolas que fornecia
à zona de mineração.
Em 1755, foi feito um inventário por ocasião da morte de sua esposa, e
pode-se constatar uma das fortunas mais sólidas de todos os tempos, no
entanto, irremediavelmente onerada pela existência de centenas de
devedores, assim afirma Marcondes de Moura, no livro os Galvão de França
no Povoamento de Santo Antônio de Guaratinguetá.
Segundo o pesquisador Helvécio Vasconcelos, que examinou um documento
de 1770, o Capitão-mor, ainda antes de sua morte, conseguiu recuperar a
sua fortuna.
6. Religiosidade:
No livro “Frei Galvão, Bandeirante de Cristo”, edição de 1936, de
Maristela, assim ele é descrito: “Pertencia à Ordem Terceira de São
Francisco e também à do Carmo, e fazia parte da Irmandade do Santíssimo.
A Padroeira da Família era Sant´Anna; estava em lugar de destaque num
oratório da família”.
Quando Frei Galvão foi para o Colégio Jesuíta, na Bahia, o primeiro
filho do casal, José, já se encontrava lá no Seminário. O que demonstra a
preocupação dos genitores em oferecer uma qualificada formação, numa
instituição religiosa.
7. Últimas notícias sobre Antônio Galvão de França:
Segundo recenseamento feito em 1767, ele possuía a segunda maior
fortuna da Vila de Guaratinguetá. E em sua companhia moravam quatro
filhos: Manoel, Anna Joaquina; Anna Jacinta e Francisca.
Por Giovanni Bezerra, especial para o site
FONTE: http://www.seminariofreigalvao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=84:antonio-galvao-de-franca-o-pai-de-frei-galvao&catid=2:ultimas-noticias&Itemid=5
A Família Galvão presente na história de Zumbi dos Palmares
Foi aprisionado com poucos dias de vida e entregue ao padre português Antonio Melo, do distrito de Porto Calvo, Alagoas, que o criou e batizou com o nome de Francisco, onde o ensinou a ler e a escrever o português e o latim.
Aos 15 anos, em 1670, Francisco fugiu da casa do padre, voltando para sua origem no Quilombo de Palmares, trocando seu nome cristão, pelo nome africano Zumbi.
Tornou-se grande guerreiro e estrategista militar na luta para defender Palmares contra os soldados portugueses.
Seu nome é citado pela primeira vez em 1670, em um relatório do comando militar da capitania de Pernambuco. Ele seria o homem de confiança do chefe Ganga-Zumba, uma espécie de general do exército de Palmares.
Matar Ganga-Zumba e Zumbi virou questão de honra para o governo Português.
Em 1676, em um combate com as tropas lideradas por Manoel Lopes Galvão, Zumbi levou um tiro na perna e teria ficado manco.
Depois de um tempo. cansado de tantas derrotas, o Governador-Geral propôs um acordo de paz. Ganga-Zumba aceitou e deixou Palmares com alguns seguidores.
O novo líder do Quilombo, Zumbi, não quis trégua e lutou contra as tropas de Domingos Jorge Velho, em 1694. Levou tiro, porém conseguiu fugir.
Em 1695, recebeu novos ataques, um do seus grupos foi derrotado e seu comandante Antonio Soares foi capturado.
Após ser torturado pelo bandeirante paulista André Furtado de Mendonça, este lhe ofereceu liberdade em troca do esconderijo de Zumbi.
E em 20 de novembro daquele ano, Antonio Soares levou o bandeirante até o esconderijo, na Serra Dois Irmãos.
Diz-se que ao ver seu comandante, Zumbi foi recebe-lo com um abraço e levou uma punhalada no estomâgo. Os paulistas atacaram e os rebeldes foram mortos. Seu corpo foi levado a Porto Calvo, onde sua cabeça foi decepada e deixada exposta, em Recife, até se decompor totalmente.
FONTE: http://genealogiagalvao.blogspot.com.br/
Lopes Galvão - Patriarca da família Fonseca
Genealogistas portugueses e espanhóis tiveram suas considerações de descendência, porém, a família Fonseca brasileira tem suas raizes mais antigas na família LOPES GALVÃO.
Núcleos da família Lopes Galvão se desenvolveram na região do Seridó (principalmente em Currais Novos e Acari), posteriormente se estendo em outros estados como Pará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Amazonas, Ceará, Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Cabe então a Manoel Lopes Galvão, o título de Patriarca da Família Fonseca, brasileira, já que sua presença se fez sentir no Rio Grande do Norte, na região do Seridó, no final do século XVII e início do século XVIII.
Como já foi dito no post Primeiros Relatos, na época haviam dois Manoel Lopes Galvão, ambos com grande importância na história. O primeiro sendo Secretário das Mercês do reinado de D. João IV, e o outro foi seu filho que atuou como Mestre de Campo, no Brasil, casado com Margarida Lins Acioly.
Fixando raiz no Seridó, sua família deu origem aos Fonsecas, quando sua filha Maria de Proença Lins Acioly casou-se com o Capitão Mor da Capitania do Ceará Manoel da Fonseca Jayme.
Há também outros relatos que interligam as duas famílias (Fonseca e Lopes Galvão).
No post Os Lopes Galvão e o Rio Grande do Norte, conto a história da descendência de Francisco Lopes Galvão e Joana Dorneles. Seu neto Cipriano Lopes Galvão, casou-se com Adriana de Holanda Vasconcelos (ou Hollanda de Vasconcellos), que mostra mais um laço entre as famílias em questão.
Os pais de Adriana de Holanda são Arnau de Hollanda (Borges da Fonseca), natural de Utrecht, na Holanda, e dona Brites Mendes de Vasconcellos, natural de Lisboa/ Portugal.
De Arnau não se sabe muito a respeito, somente que veio ao Brasil como homem nobre, na comitiva de Duarte Coelho Pereira, em 1535.
E sobre dona Brites, diz-se que viveu por quase cem anos, ficando por isso, conhecida como a "Velha", vindo a falecer em 19 de dezembro de 1620, em Olinda/PE.
Outro vínculo entre as famílias provém também dos ancestrais de Manoel Lopes Galvão, fidalgo da Casa Real, e do Capitão Mor Manoel da Fonseca Jayme, que são descendentes do Brigadeiro José Antonio da Fonseca Galvão casado com Marianna Clementina de Vasconcellos Galvão.
Desse casal nasceram Rufino Enéas Gustavo Galvão - que foi Visconde de Maracaju; Antonio Enéas Gustavo Galvão - que foi Barão do Rio Apa; Manoel do Nascimento da Fonseca Galvão - que foi Desembargador; Maria da Glória de Vasconcellos Galvão e Silva - que foi casada com Joaquim da Costa e Silva; e Luiza Clementina de Vasconcellos Galvão e Silva.
O nome exato do Visconde de Maracaju e do seu irmão, Barão do Rio Apa, era Fonseca Galvão, afirmativa comprovada pelo exame do Decreto Imperial de 23 de Maio de 1875, que aprovou e concedeu o Brasão de Armas, Nobreza e Fidalguia a Rufino Enéas Gustavo da Fonseca Galvão.
O Brasão citado é bi-partido, sendoque um lado (em vermelho) representa a família Galvão e o outro (em ouro) reprenta a família Fonseca.
FONTE: http://genealogiagalvao.blogspot.com.br/
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