O Coronel Cipriano Lopes Galvão, da Ribeira do Seridó
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN e membro do IHGRN
O povo seridoense tem um amor
muito grande por sua região. Tudo isso advém, acredito, do fato de
muitos dos seus filhos terem preservado a História da Seridó através da
Genealogia, o que originou autoestima e identidade para aquele povo.
Aproveitando a festa de Santa Anna, vamos transcrever para cá uma carta
patente de Coronel concedida a um de seus habitantes ilustres, o Coronel
Cipriano Lopes Galvão. Além disso, daremos algumas informações de outro
ilustre morador daquela Ribeira, Alexandre Rodrigues da Cruz.
Pedro de Albuquerque de Mello, Capitão Mor da Capitania do Rio Grande e
Governador da Fortaleza da Barra desta Cidade do Natal, por sua
Majestade Fidelíssima que Deus Guarde, etc. Faço saber aos que esta
minha carta virem que porquanto se acha vaga o posto de Coronel do
Regimento de Cavalaria da Ribeira do Seridó, por impedimento de
Alexandre Rodrigues da Cruz que o servia, por ele dar ar na boca e na
garganta... se acha em perigo evidente da vida na Praça de Pernambuco e
desenganado dos médicos e cirurgiões e ser conveniente prover pessoa de
qualidade, merecimentos e serviços que possa governar naquela Ribeira do
Seridó, por ser um Sertão de muita gente e distante desta Cidade
sessenta léguas pouco mais ou menos, pedi informações aos oficiais da
Câmara desta Cidade conforme as ordens de Sua Majestade os quais
satisfizeram nomeando três homens entre os quais nomearam Sipriano Lopes
Galvam em primeiro lugar; e por me constar ter servido a Sua Majestade
que Deus Guarde, tanto de Capitão de Cavalos e de Sargento Mor da
Ordenanças, tudo por espaço de anos com bom procedimento e muito zelo do
Real Serviço, como por ser um dos homens principais e nobres desta
Capitania e de conhecida nobreza e muito afazendado: hei por bem de o
eleger e nomear como por esta o faço ao dito Sipriano Lopes Galvam, no
posto de Coronel da Cavalaria do Regimento da Ribeira do Seridó que
vagou por impedimento de Alexandre Rodrigues da Cruz, que o servia e em
virtude das ordens de Sua Majestade, de vinte e dois de Dezembro de mil
setecentos e quinze, com o que posto não haverá soldo algum da Real
Fazenda, mas gozará de todas as honras, graças, privilégios, liberdade, e
isenções que em razão do dito posto lhe tocarem; do qual posto o hei
por apossado e ordeno a todos os seus oficiais subalternos de seu
Regimento o conheçam por seu Coronel e como tal o honrem e obedeçam,
cumpram e guardem suas ordens de palavra e por escrito como devem e são
obrigados. E por firmeza de tudo lhe mandei fazer a presente Patente por
mim assinada e selada com o sinete de minhas armas que se registrará
nos livros da Secretaria deste Governo e nas mais a que tocar. Dada e
passada nesta Cidade do Natal, Capitania do Rio Grande do Norte, aos
três de Novembro do ano do nascimento no Nosso Senhor Jesus Cristo, de
mil setecentos e cinquenta e sete. E eu Manoel Pinto de Crasto por
ausência do Secretário a fiz//Pedro de Albuquerque Mello// e tinha o
selo. Carta Patente pela qual V. Sª foi servido prover a Sipriano Lopes
Galvam no posto de Coronel da Ribeira do Seridó, por impedimento de
Alexandre Rodrigues da Cruz que o servia, como acima se declara e pelos
respeitos acima declarados//para V. Sª ver// e não se continha mais em
dita Carta Patente que eu Manoel Pinto de Crasto em ausência do
Secretário aqui trasladei bem e fielmente como nela se continha.
Copiado em 2 de Março de 1922. O Copista Petronillo Edson Pinheiro Joffily.
Alexandre Rodrigues da Cruz, acima citado, recebeu uma Carta de data e
sesmaria, em 23 de Dezembro de 1743. Terras entre as Ilhargas de Acauã e
entre as Ilhargas do Quinqué e testadas do Trapiá e o sítio do Acari.
Ribeira do Seridó.
Alexandre
Rodrigues da Cruz, que ocupava o cargo de Coronel, era casado como já
visto em artigo anterior, com Vicência Lins de Vasconcelos. Eram filhas
do casal acima, minhas hexavós Anna Lins de Vasconcelos e Tereza Lins de
Vasconcelos, casadas respectivamente com Antonio Garcia de Sá Barroso e
o português Francisco Cardoso dos Santos.
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